UMA CPI PARA PRIVATIZAR A PETROBRÁS?

Editorial do portal Vermelho

Ajudada pelos reflexos da crise econômica global, por sua aliada estratégica a mídia hegemônica, assim como por sua sem-cerimônia no atropelo das regras democráticas do Senado, na noite de quinta-feira (15), a oposição conservadora volta a por as mangas de fora. Seu último feito é a CPI da Petrobras, ou anti-Petrobras.

A CPI que o presidente Lula chamou de ''irresponsável'' escolhe como alvo a maior empresa brasileira, justo quando a crise global capitalista fragiliza o mundo dos negócios. Isto quando não existe nenhum indício de corrupção na Petrobras.

Com a repercussão negativa de sua criação, até setores oposicionistas relutam em levar a bravata adiante. O governo, conciliatório, propõe uma alternativa: que o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, compareça ao Senado para refutar as suspeitas. Há observadores que antecipam um acordo, enquanto outros julgam a manobra um fato consumado.

O uso das comissões parlamentares de inquérito como arma de luta ou chantagem da oposição é um elemento corriqueiro desde que os parlamentos são parlamentos. Assim como seu reverso, a resistência governista a instaurá-las.

Agora mesmo, a governadora tucana Yeda Crusius luta com unhas e dentes para evitar uma CPI da Assembléia Estadual gaúcha que apure as denúncias de fraude em sua gestão. A negativa de Yeda fica cada vez mais difícil à medida que os indícios das falcatruas se acumulam – a partir, quem diria, da revista Veja, sempre tão tucanófila, o que abre espaço para variadas suposições.

A opinião pública minimamente esclarecida usualmente acompanha essas movimentações com um sorriso irônico e tolerante: entende que tudo faz parte do jogo, inclusive os papéis que se invertem.

No entanto, há CPIs e CPIs. O país recorda bem aquela ''do fim do mundo'', em 2005, com sua suada ginástica para desestabilizar o governo Lula e seu melancólico fim.

A CPI da Petrobras em certo sentido é mais grave. Expõe uma empresa que nem o mais frenético anti-Lula ousa atacar de frente, devido ao seu passado na memorável campanha ''O Petróleo é Nosso'', ao presente da autossuficiência e ao futuro descortinado nas profundezas do pré-sal. E o faz quando a crise leva à lona gigantes ainda maiores, como o Bank of America, a General Motors ou a Chrysler, e torna a concorrência capitalista um sinistro salve-se-quem-puder.

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo (que não é nenhum radical petista, longe disto), chega a apontar que o objetivo da CPI é privatizar a estatal. ''O que o PSDB gostaria mesmo é de privatizar a Petrobras e eles não conseguiram fazer isso no governo Fernando Henrique'', disse Bernardo em Curitiba. ''Provavelmente vão querer desmoralizar a Petrobras para fazer isso no futuro, mas tenho certeza de que não vão conseguir'', agregou.

Pela observação dessas e outras práticas, os brasileiros vão aprendendo quem é quem na política. É um aprendizado lento, sofrido, às vezes sinuoso, mas implacável no seu sentido geral, a julgar por sua trajetória desde a democratização de 1985.E que expõe a irresponsabilidade da oposição conservadora, que ainda tem a cara de pau de alegar que quer a CPI para defender a Petrobrás.

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