Se o metrô não vem, BH vai de VLT

Um VLT europeu

Por Ernesto Braga


Com a ampliação do metrô cada vez mais distante da realidade de Belo Horizonte e região metropolitana, o poder público busca em instituições internacionais soluções para o transporte de massa. Ontem, o governador Aécio Neves (PSDB) assinou convênio com o consórcio espanhol Iberinsa-Spim, que vai investir 310 mil euros – cerca de R$ 1 milhão – no estudo de viabilidade social, econômica e ambiental do planejamento do Vetor Norte da capital. A análise contempla a criação de um ramal ferroviário entre a estação do metrô Vilarinho, em Venda Nova, e o Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, passando pela Cidade Administrativa, no Bairro Serra Verde, conforme o Estado de Minas informou com exclusividade em 28 de outubro do ano passado. A opção mais provável para o trecho é a adoção do veículo leve sobre trilhos (VLT).

A mesma solução vem sendo estudada pelas duas maiores vizinhas da capital. Ontem, as prefeitas de Contagem, Marília Campos (PT), e Betim, Maria do Carmo Lara (PT), se reuniram com representantes da Agência Francesa de Desenvolvimento. Segundo elas, a instituição manifestou interesse em financiar a construção de um trecho de 12 quilômetros do VLT, ligando os dois municípios, orçado em R$ 600 milhões.

Quanto à ligação do Vetor Norte da capital, o estudo do consórcio espanhol está previsto para ficar pronto em nove meses. Segundo o governador, ele definirá que tipo de transporte ferroviário será economicamente mais viável: o veículo leve sobre trilhos ou a ampliação do metrô da estação Vilarinho ao aeroporto. O certo é que o traçado terá 30 quilômetros de extensão. “O metrô convencional é uma hipótese mais remota”, reconheceu Aécio Neves. “Achamos que o metrô é muito caro, mas o mais relevante é que estamos estudando qual transporte de massa é mais viável”, acrescentou o secretário de estado de Assuntos Internacionais, Luiz Antônio Athayde.

Enquanto um quilômetro de VLT custa R$ 33 milhões, são gastos R$ 99 milhões para igual trecho de metrô. Todo o percurso dos veículos leves sobre trilhos é em superfície, eles são movidos a biodiesel e têm 100% de tecnologia nacional, o que barateia o sistema. Além do traçado, o estudo espanhol vai apontar onde deverão ser construídas as estações e os recursos necessários para a construção do ramal. “Nos apontará ainda qual a melhor linha de financiamento, que poderá ser uma parceria público-privada (PPP)”, destacou o governador.

Além de moradores da região e passageiros com destino a Confins, a linha ferroviária ligando a estação Vilarinho ao aeroporto atenderá as 20 mil pessoas que deverão passar diariamente pela Cidade Administrativa. Aécio Neves prometeu anunciar o cronograma de transferência das secretarias e outros órgãos estaduais para a nova sede do governo, erguida às margens da rodovia MG-010, no dia 28.

A contratação do consórcio surgiu de uma parceria do governo de Minas com o da Espanha. Os 310 mil euros empregados no estudo serão doados pelo governo espanhol, a fundo perdido, por meio de linha de financiamento do Fondo de Estúdios de Viabilidad (FEV), um instrumento de política comercial gerenciado pela Direção Geral de Financiamento Internacional do Ministério da Economia espanhol. O embaixador da Espanha no Brasil, Carlos Alonso Zaldívar, assinou o documento com Aécio Neves.

Grande BH busca saída nos trilhos
O projeto de um ramal de 12 quilômetros de veículo leve sobre trilho (VLT), ligando a estação do metrô do Eldorado, em Contagem, ao Bairro Jardim Alterosas, em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foi apresentado ontem a representantes da Agência Francesa de Desenvolvimento. A prefeita de Contagem, Marília Campos (PT), afirmou que a instituição internacional voltada para ações de fomento e investimento demonstrou interesse em financiar os R$ 600 milhões necessários para a obra. De acordo com ela, a linha atenderá 110 mil pessoas por dia.

Além de Marília Campos e da prefeita de Betim, Maria do Carmo Lara (PT), participaram da reunião representantes da BHTrans, Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e Ferrovia Centro Atlântica. “Se esse trecho fosse de metrô, o custo seria de R$ 1,8 bilhão. Estamos buscando um arranjo institucional para contrair o financiamento. Os franceses fizeram uma visita técnica ao trecho, consideram o projeto viável e se mostraram disponíveis para o empréstimo”, disse a prefeita de Contagem. Segundo ela, o projeto também será apresentado a instituições italianas de fomento.

O próximo passo agora, de acordo com Maria do Carmo Lara, é dar início à parte técnica do projeto, que apontará, entre outras coisas, como será o traçado. “Essa parte pode ser feita pelas empresas de trânsito de Betim (Transbetim), Contagem (Transcon), BHTrans e CBTU”, disse. O projeto do VLT ligando os dois municípios será apresentado no dia 24, na reunião do Conselho Deliberativo da Região Metropolitana. “Vamos agendar outra reunião na (Ministério da) Casa Civil, em Brasília, para que o recurso seja incluído no PAC da Mobilidade”, afirmou a prefeita de Betim.

Nos projetos iniciais das duas prefeituras apresentados à CBTU, o trecho de VLT teria dois ramais em Contagem: um partindo do Bairro Bernardo Monteiro à estação Eldorado e o outro do Bernardo Monteiro à Região do Barreiro, na capital, totalizando 16 quilômetros. Em Betim, o ramal de 13 quilômetros partiria do Eldorado até o Bairro Jardim Teresópolis. “Fizemos uma fusão para tornar o projeto mais viável”, disse Marília Campos.

Fonte: jornal Estado de Minas

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