Imperialismo cria o seu universal soldier
Por José Arbex Júnior
Em plena crise, o sistema capitalista mundial encontrou o seu universal soldier, o representante maior dos “valores democráticos ocidentais”, em nome dos quais torna-se palatável a “guerra sem fronteiras” contra o terror, a prática de invasões militares e de matanças indiscriminadas, a intervenção em qualquer parte do planeta. Barack Obama, agraciado com o Nobel da Paz, é o “imperialismo de face humana”, mais ou menos como, nos anos 60, John Kennedy, responsável pela escalada da Guerra do Vietnã, era o ícone glamourizado da barbárie. Obama, aliás, já tem o seu próprio Vietnã: após o gigantesco fiasco no Iraque, a Casa Branca sabe que tampouco pode vencer a Guerra do Afeganistão, como não puderam, antes dela, os impérios britânico e soviético. Pior: a guerra já ultrapassou as fronteiras afegãs e envolve diretamente o Paquistão, país dotado de arsenal nuclear. Apesar disso, Obama estuda o possível envio de novos 60 mil soldados ianques para a região.
Um ano após a sua eleição à presidência dos Estados Unidos, Barack Obama mantém, fundamentalmente, a mesma política externa de George Bush, exceto pelo fato de que o atual presidente, ao contrário do troglodita que o antecedeu, aceita manter o diálogo com os governos “aliados” europeus. Obama tem consciência do valor ideológico e estratégico da Otan, uma aliança que perdeu a sua razão de ser com o fim do “bloco socialista” e da Guerra Fria, mas que se mantém como guardiã dos interesses imperialistas dos Estados Unidos e da Europa dita ocidental (particularmente, Grã-Bretanha, Alemanha e França). Como ícone da “sagrada família” imperialista ocidental, Obama faz manobras provocadoras contra a Rússia (sede do império euroasiático eslavo) e cria áreas de atrito até mesmo com a superaliada China. As ameaças de punição contra o Irã e a Coréia do Norte fazem parte desse jogo, assim como a tentativa de instalar mísseis da Otan em antigos países do Leste europeu, na fronteira com a Rússia.
Mas o universal soldier Barack Obama sabe promover a escalada com a fala mansa e jeito soft. Numa reunião de cúpula do Oriente Médio, realizada em junho, no Cairo, Obama inicia o seu discurso em árabe, com a tradicional saudação As-Salam Aleikum, e compromete o seu governo com a criação de um Estado palestino viável. Mas, em pouco tempo, a euforia cede lugar à frustração. Obama nada faz para impor ao governo israelense a suspensão total da expansão dos assentamentos nos territórios palestinos ocupados, exceto pelos patéticos apelos de seu assessor George Mitchell, ainda ssim mitigados pelos elogios ao primeiro-ministro Benyamin Netaniahu, feitos pela secretária de Estado Hillary Clinton. Sequer o já famoso relatório sobre os crimes cometidos pelo exército israelense em Gaza, feito por Richard Goldstone, enviado especial da ONU para a Palestina, é suficiente para levar Obama a adotar medidas efetivas contra Israel. Ao contrário, os diplomatas estadunidenses fazem o possível para evitar a análise do Relatório Goldstone pelo Conselho de Segurança da ONU.
A escalada militarista da era Obama atinge diretamente a América Latina. Na Cúpula das Américas, realizada em Trinidad e Tobago, entre 17 e 19 de abril, Obama adota uma postura simpática e amigável, mesmo quando submetido a um bombardeio de críticas. Recebe, com sorrisos, uma cópia do livro As veias abertas da América Latina, de Eduardo Galeano, das mãos do presidente venezuelano Hugo Chávez. Ouve e anota denúncias de tentativas de assassinato do presidente boliviano Evo Morales, assim como um longo relato, feito pelo ex e atual presidente da Nicarágua Daniel Ortega, sobre as atrocidades cometidas pela CIA, nos anos 80, contra o regime sandinista. Em seu discurso, assegura que já se foram os tempos em que Washington se considerava na posição de determinar os rumos do hemisfério ocidental, e condena explicitamente “qualquer esforço de subversão violenta de governos democraticamente eleitos”. Como no Cairo, seu discurso dá margem a esperanças de mudanças reais.
Um ano após a sua eleição à presidência dos Estados Unidos, Barack Obama mantém, fundamentalmente, a mesma política externa de George Bush, exceto pelo fato de que o atual presidente, ao contrário do troglodita que o antecedeu, aceita manter o diálogo com os governos “aliados” europeus. Obama tem consciência do valor ideológico e estratégico da Otan, uma aliança que perdeu a sua razão de ser com o fim do “bloco socialista” e da Guerra Fria, mas que se mantém como guardiã dos interesses imperialistas dos Estados Unidos e da Europa dita ocidental (particularmente, Grã-Bretanha, Alemanha e França). Como ícone da “sagrada família” imperialista ocidental, Obama faz manobras provocadoras contra a Rússia (sede do império euroasiático eslavo) e cria áreas de atrito até mesmo com a superaliada China. As ameaças de punição contra o Irã e a Coréia do Norte fazem parte desse jogo, assim como a tentativa de instalar mísseis da Otan em antigos países do Leste europeu, na fronteira com a Rússia.
Mas o universal soldier Barack Obama sabe promover a escalada com a fala mansa e jeito soft. Numa reunião de cúpula do Oriente Médio, realizada em junho, no Cairo, Obama inicia o seu discurso em árabe, com a tradicional saudação As-Salam Aleikum, e compromete o seu governo com a criação de um Estado palestino viável. Mas, em pouco tempo, a euforia cede lugar à frustração. Obama nada faz para impor ao governo israelense a suspensão total da expansão dos assentamentos nos territórios palestinos ocupados, exceto pelos patéticos apelos de seu assessor George Mitchell, ainda ssim mitigados pelos elogios ao primeiro-ministro Benyamin Netaniahu, feitos pela secretária de Estado Hillary Clinton. Sequer o já famoso relatório sobre os crimes cometidos pelo exército israelense em Gaza, feito por Richard Goldstone, enviado especial da ONU para a Palestina, é suficiente para levar Obama a adotar medidas efetivas contra Israel. Ao contrário, os diplomatas estadunidenses fazem o possível para evitar a análise do Relatório Goldstone pelo Conselho de Segurança da ONU.
A escalada militarista da era Obama atinge diretamente a América Latina. Na Cúpula das Américas, realizada em Trinidad e Tobago, entre 17 e 19 de abril, Obama adota uma postura simpática e amigável, mesmo quando submetido a um bombardeio de críticas. Recebe, com sorrisos, uma cópia do livro As veias abertas da América Latina, de Eduardo Galeano, das mãos do presidente venezuelano Hugo Chávez. Ouve e anota denúncias de tentativas de assassinato do presidente boliviano Evo Morales, assim como um longo relato, feito pelo ex e atual presidente da Nicarágua Daniel Ortega, sobre as atrocidades cometidas pela CIA, nos anos 80, contra o regime sandinista. Em seu discurso, assegura que já se foram os tempos em que Washington se considerava na posição de determinar os rumos do hemisfério ocidental, e condena explicitamente “qualquer esforço de subversão violenta de governos democraticamente eleitos”. Como no Cairo, seu discurso dá margem a esperanças de mudanças reais.
Fonte: Revista Caros Amigos - edição de dezembro de 2009
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