A DECISÃO DE 2010

Por Eduardo Guimarães

Você pode estar lendo este texto por tê-lo procurado no blog que edito, por tê-lo recebido por e-mail de alguém que conhece ou por tê-lo encontrado em uma página da internet que o reproduziu. Seja como for, sugiro que leia com atenção, mesmo que seja para, ao fim da leitura, descartar o que leu. Mas, ao menos, saberá de uma teoria que, se for correta, poderá mudar sua vida.


Escrevo sobre uma decisão que o Brasil terá que tomar em 2010 que equivalerá às maiores decisões que já teve que tomar em sua história. Além do fato de que em anos de eleição para presidente o que se coloca em jogo é sempre o futuro de todos, nesta eleição presidencial que se aproxima o que estará em jogo é o futuro de uma nação que está sendo vista, pelo mundo, como a grande potência emergente do século XXI.


Não faltam matérias na imprensa internacional falando do protagonismo brasileiro, das riquezas imensas que este país detém sobre e sob a terra e da força de sua economia, forjada, sobretudo, por um dos maiores mercados internos do planeta.


O Brasil assumiu esse protagonismo na cena internacional não só por graça dos números de sua economia, que são excelentes no contexto de um mundo mergulhado na maior crise econômica mundial em quase um século, mas pela mudança do paradigma econômico da nação, que passou da antiga teoria de que era preciso sofrer com recessão e desemprego em momentos de crise para atingir o paraíso em algum lugar incerto do futuro para uma mentalidade exatamente oposta...


A crise econômica internacional serviu para mostrar ao mundo como um país que até há pouco tempo vivia mergulhado em cataclismos financeiros pôde se tornar uma das economias mais sólidas do mundo em bem menos de uma década, ou seja, investindo num mercado de consumo de massas e criando ambiente propício a investimentos, sendo o Estado o grande indutor do processo, além de colocar o bem estar social como meta prioritária.


A mudança de paradigma deste governo para o anterior foi dramática, mas, por razões políticas, para não contrariar os interesses do grupo político que supostamente defende a hegemonia do capital nesta parte do mundo e que tem inegável força para conturbar o bom momento brasileiro, muitos analistas fazem concessões a um período obscuro da história que terminou em 2002, período no qual o país foi saqueado por meros despachantes dos interesses de corporações estrangeiras convertidos pelo povo em governantes graças a uma máquina midiática de propaganda que conseguia direcionar esse povo para suas escolhas políticas – e que parece ter perdido esse poder.


Eis que, sob nova concepção de desenvolvimento, o país mergulha em uma rota luminosa rumo ao futuro, cheio de promessas e possibilidades. Todavia, sobre si se estende uma sombra ameaçadora que diariamente teima em dizer o tipo de mentalidade que, até 2002, amarrava o Brasil.


Está muito mais do que claro que aqueles que governaram este país até 2002 são contrários aos motes desenvolvimentistas que elenquei acima (mercado de consumo de massas, indução estatal do desenvolvimento e bem estar social), haja vista que, durante o desenrolar da crise deste ano, foram contra a pregação do governo Lula para que os brasileiros consumissem, foram contra cortes de impostos, concessão de crédito pelos bancos oficiais enquanto o sistema bancário se retraia, continuam contra o Bolsa Família reiterando que é “esmola” e pedindo “portas de saída” àqueles que mal acabaram de entrar... Etc.


Você tem, portanto, dois projetos na mesa, caro leitor. No ano que vem, começa um novo ciclo para o Brasil – pós crise, com economia crescendo fortemente e uma imensa riqueza natural a explorar e dividir entre a sociedade e os entes federativos. Caberá a todos os brasileiros a escolha do país que seremos.


Hoje, o Brasil ainda é um país de renda extremamente concentrada tanto do ponto de vista racial – ou, sendo políticamente correto, “étnico” – quanto por classe social e região do país. Trocando em miúdos: devido à histórica má distribuição da riqueza e dos investimentos, respectivamente os negros e os descendentes de negros, de classe média para baixo e do Norte e Nordeste foram prejudicados em momentos de crescimento econômico que se mostraram tão intensos quanto excludentes.


Temos uma nova chance, a partir de 2010. O Brasil precisa distribuir os recursos do pré-sal de forma equânime entre seus entes federativos, de forma a reparar outros momentos em que regiões do país foram alijadas das conquistas nacionais como a indústria e os investimentos. Até porque, o subsolo brasileiro pertence à União e porque a riqueza petrolífera ora descoberta foi encontrada graças aos impostos de todos nós.


Em minha mente, está muito claro que decisão devo tomar na escolha do governo que assumirá em 1º de janeiro de 2011. Quero continuidade.


O caminho foi encontrado e está demarcado para que o Brasil se redesenhe nos próximos anos, para que a renda seja melhor distribuída, para que as tensões sociais sejam mitigadas via maior sensação de bem estar social das camadas até aqui oprimidas e degradadas da sociedade, que vêm mergulhando num processo de radicalização desesperada devido a uma falta de perspectivas que, agora, pode ser revertida.


A decisão eleitoral de 2010, portanto, leitor, garanto-lhe que será, talvez, a mais importante de sua vida. Tome-a pensando na única forma de você realmente sair ganhando, que não é pensando em seus supostos interesses de classe social, de etnia ou de região do país, mas no interesse de todos, pois só este não exclui ninguém.


É idílio de um setor aristocrático e insensível da sociedade acreditar que é possível manter um modelo social que segrega quase todos em prol do gáudio de uma ínfima minoria étnico, social e geográfica. Além de o país ter que carregar o peso morto de dezenas de milhões de almas empobrecidas e ignorantes incapazes de se adequar às exigências das sociedades modernas, essas massas acabam tendendo à violência devido ao constante drama da falta de tudo, sobretudo de dignidade.


Está claríssimo para mim, vendo e ouvindo o que o grupo político que governava antes diz em seus grandes jornais, revistas, tevês, rádios e em seus mega portais de internet, que tal grupo não se emendou, que continua acreditando no formato de sociedade que sustentou e que fracassou, um formato de exclusão social e de consumo de castas, com a maioria tendo que se contentar meramente com pão e circo.


A decisão de 2010, para mim, além de ser a mais importante decisão política de minha vida, será também a mais fácil de tomar.



Fonte: Cidadania.com

Comentários