UMA GUERRA EM BUSCA DE MOTIVO


Em 13 de junho, o governo Obama fez vazar, por meio do New York Times, a descoberta de 1 trilhão de dólares em riquezas minerais no Afeganistão, incluindo ferro, cobre, cobalto, ouro e lítio. Diferentes reservas, em diferentes regiões, certamente não identificadas ao mesmo tempo, em levantamento parcialmente baseado em pesquisas soviéticas nos anos 70 e 80.

O momento de divulgação foi escolhido por razões não técnicas, mas políticas. A saber, tentar reanimar a disposição do público e dos aliados a continuar a guerra mais longa já travada pelos EUA em sua história e cujas perpectivas não estão melhorando para a Otan, apesar do aumento de 30 mil para 100 mil do número de soldados do Pentágono no país.

A ofensiva dita "modelo" em Marjah está parada e a operação em Kandahar foi adiada. Mesmo onde as tropas avançam, não conseguem estabilizar o controle, implantar mecanismos de governo ou eliminar a presença do Taleban. Foi simbólico, se não sintomático, o desmaio do comandante do Centcom, general David Petraeus, ao ser interrogado no Senado sobre prazos para a retirada.

O presidente afegão Hamid Karzai, reeleito contra a vontade de Washington, parece não mais acreditar em vitória militar. Convocou uma assembléia de chefes tribais, principalmente pashtus do sul, para discutir a possibilidade de um acordo com o Taleban, mesmo se isso lhe custar o apoio de etnias do norte.


Fonte: revista Carta Capital - edição 23 de junho de 2010.

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