BRIGA DE CACHORRO GRANDE - QUEM GANHA É O TELESPECTADOR
Por Cléber Sérgio de Seixas
Está deflagrada a guerra entre as duas maiores emissoras do país. Ontem assisti ao final do Jornal da Record e pude ver a resposta da emissora aos ataques que sua maior rival, a Rede Globo, lhe desferira um dia antes no Jornal Nacional.
Ao se defender, a Record teve a coragem de colocar o dedo na ferida aberta que é o passado da vênus platinada. Foi a primeira vez que ví na TV a caixa de Pandora sendo aberta e revelando os fatos vergonhosos que permeiam a história da Globo. Creio que foi de grande valia, já que os fatos apresentados pela matéria da Record só estão acessíveis em meia-dúzia de livros e documentários.
Por exemplo, no livro Plim-Plim - A Peleja de Brizola contra a Fraude Eleitoral, de autoria do jornalista Paulo Henrique Amorim, é feita uma explanação sobre as atitudes da Globo no escândalo Proconsult. Neste episódio as eleições para governador do Rio de Janeiro em 1982 foram manipuladas pela empresa homônima, em associação com a emissora de Roberto Marinho, de forma a evitar a vitória do candidato de esquerda Leonel Brizola. As eleições só foram ganhas por Brizola, no "peito e na raça", após um embate jurídico.
Outro episódio fartamente documentado e pouco divulgado é o famoso debate Collor versus Lula em 1989. O famigerado debate não seria transmitido ao vivo e fora editado pela Globo de forma que fossem levados ao ar só os melhores momentos de Collor e os piores de Lula. Em consequência, Collor, o candidato das elites, venceu Lula no segundo turno, tornando-se o primeiro presidente do Brasil eleito pelo voto direto após 21 anos de ditadura.
É oportuno lembrar que uma verdadeira aula sobre a podridão que sempre permeou a história da rede Globo, desde sua fundação, é o excelente documentário Muito Além do Cidadão kane, produzido por Simon Hartog em 1993. Vale ressaltar que este documentário não é encontrado em nenhuma locadora e sua divulgação corre pela internet de forma não oficial ou em um ou outro site de e-comerce, já que fora censurado pela Globo.
Quanto às acusações da Globo contra a Record e vice-versa, acredito que são todas verossímeis. Contudo um detalhe deve ser levado em consideração nessa história toda. Enquanto a Record tem contra sí somente os bastidores do processo de ter ascendido - e estar ascendendo - graças às doações dos fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus, a qual pratica o que chamo de "evangelho da prosperidade"- espécie de lavagem cerebral que induz os fiéis a acreditarem que suas ofertas vão lhes resolver toda espécie de problemas, dos financeiros aos sentimentais - , a Globo apresenta em seu processo de formação toda sorte de ilicitudes e também toda uma história de jornalismo a serviço dos interesses da burguesia tupiniquim, inclusive bons serviços prestados à ditadura militar, que lhe fora mecenas. Atualmente a Globo encabeça uma campanha para que o governador paulista, José Serra, vença as eleições para presidente em 2010. Em outras palavras afirmo que a Globo tem contra sí seu processo de formação e seu jornalismo tendencioso. Já contra a Record só pesam os bastidores de seu estrondoso crescimento, claramente financiado pelas doações de fiéis da Igreja Universal, apesar de o jornalismo da Record ser hoje, na minha opinião, o mais isento e o de maior qualidade da TV aberta.
Eduardo Guimarães, no excelente Cidadania.com, apresenta a questão da seguinte forma: "O mais importante, para mim, foram as acusações de partidarismo global em prol de Serra (a foto dele apareceu sob locução que aludiu aos favorecidos pela emissora carioca contra Lula). Pela primeira vez, foi dito claramente que a Globo trabalha para o tucano. A porcaria foi jogada no ventilador. E atingiu as duas emissoras que a arremessaram, porque ambas estão cobertas de razão no que dizem uma sobre a outra. E quem ganha com essa “razão” delas somos todos nós, incluindo os fãs de cada uma" (clique aqui para ler o artigo do Eduardo na íntegra).
Nessa briga de cachorro grande, conforme salientam as lúcidas palavras do Eduardo Guimarães no artigo acima, quem vai sair ganhando são os telespectadores de ambas as emissoras. Contudo acho que esta peleja está mais para a Record, que tem a seu lado uma "igreja" que arrasta uma multidão que pode ser mobilizada para servir de tropa de choque a seu favor.
Abaixo reproduzo o vídeo da reportagem da Record. Imperdível!
Está deflagrada a guerra entre as duas maiores emissoras do país. Ontem assisti ao final do Jornal da Record e pude ver a resposta da emissora aos ataques que sua maior rival, a Rede Globo, lhe desferira um dia antes no Jornal Nacional.
Ao se defender, a Record teve a coragem de colocar o dedo na ferida aberta que é o passado da vênus platinada. Foi a primeira vez que ví na TV a caixa de Pandora sendo aberta e revelando os fatos vergonhosos que permeiam a história da Globo. Creio que foi de grande valia, já que os fatos apresentados pela matéria da Record só estão acessíveis em meia-dúzia de livros e documentários.
Por exemplo, no livro Plim-Plim - A Peleja de Brizola contra a Fraude Eleitoral, de autoria do jornalista Paulo Henrique Amorim, é feita uma explanação sobre as atitudes da Globo no escândalo Proconsult. Neste episódio as eleições para governador do Rio de Janeiro em 1982 foram manipuladas pela empresa homônima, em associação com a emissora de Roberto Marinho, de forma a evitar a vitória do candidato de esquerda Leonel Brizola. As eleições só foram ganhas por Brizola, no "peito e na raça", após um embate jurídico.
Outro episódio fartamente documentado e pouco divulgado é o famoso debate Collor versus Lula em 1989. O famigerado debate não seria transmitido ao vivo e fora editado pela Globo de forma que fossem levados ao ar só os melhores momentos de Collor e os piores de Lula. Em consequência, Collor, o candidato das elites, venceu Lula no segundo turno, tornando-se o primeiro presidente do Brasil eleito pelo voto direto após 21 anos de ditadura.
É oportuno lembrar que uma verdadeira aula sobre a podridão que sempre permeou a história da rede Globo, desde sua fundação, é o excelente documentário Muito Além do Cidadão kane, produzido por Simon Hartog em 1993. Vale ressaltar que este documentário não é encontrado em nenhuma locadora e sua divulgação corre pela internet de forma não oficial ou em um ou outro site de e-comerce, já que fora censurado pela Globo.
Quanto às acusações da Globo contra a Record e vice-versa, acredito que são todas verossímeis. Contudo um detalhe deve ser levado em consideração nessa história toda. Enquanto a Record tem contra sí somente os bastidores do processo de ter ascendido - e estar ascendendo - graças às doações dos fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus, a qual pratica o que chamo de "evangelho da prosperidade"- espécie de lavagem cerebral que induz os fiéis a acreditarem que suas ofertas vão lhes resolver toda espécie de problemas, dos financeiros aos sentimentais - , a Globo apresenta em seu processo de formação toda sorte de ilicitudes e também toda uma história de jornalismo a serviço dos interesses da burguesia tupiniquim, inclusive bons serviços prestados à ditadura militar, que lhe fora mecenas. Atualmente a Globo encabeça uma campanha para que o governador paulista, José Serra, vença as eleições para presidente em 2010. Em outras palavras afirmo que a Globo tem contra sí seu processo de formação e seu jornalismo tendencioso. Já contra a Record só pesam os bastidores de seu estrondoso crescimento, claramente financiado pelas doações de fiéis da Igreja Universal, apesar de o jornalismo da Record ser hoje, na minha opinião, o mais isento e o de maior qualidade da TV aberta.
Eduardo Guimarães, no excelente Cidadania.com, apresenta a questão da seguinte forma: "O mais importante, para mim, foram as acusações de partidarismo global em prol de Serra (a foto dele apareceu sob locução que aludiu aos favorecidos pela emissora carioca contra Lula). Pela primeira vez, foi dito claramente que a Globo trabalha para o tucano. A porcaria foi jogada no ventilador. E atingiu as duas emissoras que a arremessaram, porque ambas estão cobertas de razão no que dizem uma sobre a outra. E quem ganha com essa “razão” delas somos todos nós, incluindo os fãs de cada uma" (clique aqui para ler o artigo do Eduardo na íntegra).
Nessa briga de cachorro grande, conforme salientam as lúcidas palavras do Eduardo Guimarães no artigo acima, quem vai sair ganhando são os telespectadores de ambas as emissoras. Contudo acho que esta peleja está mais para a Record, que tem a seu lado uma "igreja" que arrasta uma multidão que pode ser mobilizada para servir de tropa de choque a seu favor.
Abaixo reproduzo o vídeo da reportagem da Record. Imperdível!
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