Super desbanca Folha


Por Cléber Sérgio de Seixas

Ainda não sei se esta notícia é para rir ou chorar, mas a Folha de São Paulo, se forem confirmados os números apurados pelo IVC (Instituto Verificador de Circulação), já perdeu a liderança de jornal de maior circulação no país para o Super Notícias, de Minas Gerais. Enquanto o jornal mineiro tem uma tiragem de 295.701 por edição, a Folha apresenta a soma de 294.498. Desde 1986 o periódico paulista liderava o mercado de jornais.

Os 10 jornais de maior circulação no ano passado (exemplares por edição) foram os seguintes:
1º Super Notícia: 295.701
2º Folha de S. Paulo: 294.498
3º O Globo: 262.435
4º Extra: 242.306*
5º O Estado de S. Paulo: 236.369
6º Zero Hora: 184.663
7º Meia Hora: 157.654
8º Correio do Povo: 157.409
9º Diário Gaúcho: 150.744
10º Lance: 94.683

Nem mesmo num ano em que tivemos eventos de grande vulto como as eleições e a Copa do Mundo, o jornalão dos Frias conseguiu manter sua hegemonia. Se estivéssemos na Inglaterra, a Folha seria o The Guardian e o Super Notícia o The Sun.

A ascensão do Super Notícia ao topo não diz muito sobre a qualidade de tal periódico, que nem pode ser qualificado com um jornal na acepção clássica do termo. Na verdade, o Super Notícia está mais para tablóide que para jornal, haja vista seu formato e seu conteúdo. O Super – como é popularmente conhecido na Grande BH – não possui articulistas de peso, não conta com uma seção de opinião, além de apresentar reportagens que abordam os fatos de forma rasa e sensacionalista.

A popularidade do Super pode ser explicada mais em função de seu preço (25 centavos de Real) e de suas atraentes promoções, que por sua qualidade informacional ou editorial. É o jornal preferido nas manhãs, leitura indispensável durante os deslocamentos para o trabalho, seja de ônibus ou metrô, podendo ser obtido em qualquer parada de semáforo ou ponto de ônibus. O segredo do sucesso do Super pode ser resumido em uma palavra: facilidade.

Outra explicação para a decadência dos grandes jornais é a popularização do acesso à internet – meio que abriga uma imprensa não alinhada com o que é conhecido como grande mídia. Redes sociais como o Twitter e os blogs já são nichos informacionais de importância considerável. A decadência dos jornais tradicionais é um fenômeno inexorável que se acentuará na mesma proporção da popularização da internet enquanto canal de informações alternativo.

Assim sendo, não será estranho se a ira dos jornalões se converter em perseguição à popularização dos computadores e internet e aos blogues e redes sociais. Como bem ilustrou Paulo Henrique Amorim em artigo publicado na revista Carta Capital, número 425, podemos presenciar “a primeira cerimônia luddista do século XXI: João Roberto Marinho, Roberto Civita, Otavio Frias Filho e Ruy Mesquita, no salão nobre da FIESP, debaixo do busto do Conde Matarazzo, fazem uma fogueira para queimar os computadores de cem dólares de Nicholas Negroponte.”

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