A repercussão do corte dos juros é mais uma prova de que o negócio deles não é jornalismo
Por Renato Rovai em seu blog
A repercussão na mídia ao corte do juro básico pelo Copom de 12,50% para 12% é algo que não merece ser levado em conta do ponto de vista jornalístico nem econômico, mas psicanalítico ou talvez policial.
Boa parte dos jornais de hoje (em especial o Estado de S. Paulo) trata do assunto como se o país estivesse correndo sérios riscos em função de uma medida que sempre foi tratada como necessária para que a indústria nacional pudesse garantir algum nível de competitividade internacional.
De repente, não mais do que repente, o problema do Brasil deixou de ser o juro alto e o grande risco se tornou o fato o de o Banco Central estar “se politizando”. Ou seja, ter perdido o que se convencionou chamar midiaticamente de independência.
O Banco Central, porém, não é independente no Brasil. Mesmo com toda a força feita pelo mercado e num dado momento pelo ex-ministro Palocci, isso não se consumou. O que o Banco Central tem é autonomia nas suas decisões. E ao que parece passou a ter mais autonomia na gestão Trombini do que na de Meirelles.
Parece o samba do branquinho-doido, mas não é.
O mais grave que pode vir a acontecer com o país não é o BC ter algum nível de relação com os interesses do governo e do Estado brasileiro. Mas sim o de ele vir a ter relação promíscua com o mercado. Ou seja, ser dependente dos chamados “players do mercado”.
E é o fato de ele se mostrar mais independente desse segmento que levou a essa grita dos urubólogos econômicos desde ontem.
Numa matéria assinada por Toni Schiarretta, na Folha de hoje, Marcio Cardoso, diretor da corretora Título, traduz qual é o “problema” do corte de 0,5% de ontem. Segundo ele, “os que mais perderam ontem foram os bancos e os fundos agressivos, que fazem o papel de ‘especulador’ ao oferecer hedge [proteção] às empresas, com base nos estudos de seus economistas.” Ou seja, aqueles economistas que sempre souberam tudo o que o BC iria fazer e que alertavam seus clientes para que eles pudessem ganhar sempre às custas dos juros altos que a sociedade brasileira paga.
Um outro trecho da matéria é ainda mais interessante: “Só a BM&FBovespa, praça que junta quem quer se proteger desse risco com juros com quem “especula” com a variação de cenários e de taxas, viu ontem R$ 2,11 bilhões trocarem de mãos.”
Ou seja, o BC surpreendeu o mercado ao cortar os juros. E tem gente que acha isso um absurdo.
Por isso, a partir de agora quando você vier a ouvir analistas econômicos da mídia-mercado criticando os altos juros do Brasil, não dê bola. Eles não estão falando sério. O negócio deles não é jornalismo. O negócio deles é outro.
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Boa parte dos jornais de hoje (em especial o Estado de S. Paulo) trata do assunto como se o país estivesse correndo sérios riscos em função de uma medida que sempre foi tratada como necessária para que a indústria nacional pudesse garantir algum nível de competitividade internacional.
De repente, não mais do que repente, o problema do Brasil deixou de ser o juro alto e o grande risco se tornou o fato o de o Banco Central estar “se politizando”. Ou seja, ter perdido o que se convencionou chamar midiaticamente de independência.
O Banco Central, porém, não é independente no Brasil. Mesmo com toda a força feita pelo mercado e num dado momento pelo ex-ministro Palocci, isso não se consumou. O que o Banco Central tem é autonomia nas suas decisões. E ao que parece passou a ter mais autonomia na gestão Trombini do que na de Meirelles.
Parece o samba do branquinho-doido, mas não é.
O mais grave que pode vir a acontecer com o país não é o BC ter algum nível de relação com os interesses do governo e do Estado brasileiro. Mas sim o de ele vir a ter relação promíscua com o mercado. Ou seja, ser dependente dos chamados “players do mercado”.
E é o fato de ele se mostrar mais independente desse segmento que levou a essa grita dos urubólogos econômicos desde ontem.
Numa matéria assinada por Toni Schiarretta, na Folha de hoje, Marcio Cardoso, diretor da corretora Título, traduz qual é o “problema” do corte de 0,5% de ontem. Segundo ele, “os que mais perderam ontem foram os bancos e os fundos agressivos, que fazem o papel de ‘especulador’ ao oferecer hedge [proteção] às empresas, com base nos estudos de seus economistas.” Ou seja, aqueles economistas que sempre souberam tudo o que o BC iria fazer e que alertavam seus clientes para que eles pudessem ganhar sempre às custas dos juros altos que a sociedade brasileira paga.
Um outro trecho da matéria é ainda mais interessante: “Só a BM&FBovespa, praça que junta quem quer se proteger desse risco com juros com quem “especula” com a variação de cenários e de taxas, viu ontem R$ 2,11 bilhões trocarem de mãos.”
Ou seja, o BC surpreendeu o mercado ao cortar os juros. E tem gente que acha isso um absurdo.
Por isso, a partir de agora quando você vier a ouvir analistas econômicos da mídia-mercado criticando os altos juros do Brasil, não dê bola. Eles não estão falando sério. O negócio deles não é jornalismo. O negócio deles é outro.
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