Os anos de chumbo versão SBT - parte 2
Das torturas, martírios, degredos
Que não haja mais nenhum segredo
Que das trevas nos surja a memória
Trecho do poema Memória
Por Cléber Sérgio de Seixas
“Infeliz o país que precisa de heróis”, disse certa vez o dramaturgo Bertold Brecht. Infelizmente, muitos homens e mulheres tiveram suas vidas imoladas no holocausto de uma ditadura que dominou o Brasil durante mais de duas décadas. Outros tantos foram mutilados e exilados, e os ainda vivos trazem no corpo e na alma as marcas da covardia que os carrascos cobriam com o manto da defesa da pátria e da doutrina de segurança nacional, que nem nacional era.
Quando todas as vias democráticas foram obstruídas pelo arbítrio castrense – eleições diretas, garantia de liberdades individuais, direito de greve, direito de protestar e de opinar -, não restaram muitas alternativas pacíficas àqueles que discordavam do regime, pois o lema passou a ser “Brasil, ame-o ou deixe-o”. Muitos deixaram o país por força da violência que aqui imperava, enquanto outros optaram pela luta armada. A verdadeira revolução ficou por conta destes – luta de Davi contra um Golias treinado e apoiado pelo império mais poderoso que o mundo conheceu. Contudo, diferentemente do relato bíblico, Golias sai vencedor, pelo menos por enquanto.
A história destes tempos sombrios é contada pelo folhetim Amor e Revolução do SBT. O autor Tiago Santiago e o diretor Reynaldo Boury fazem um grande favor à nação contando às novas gerações o que muitos dramaturgos não ousaram ou não puderam contar.
Não sou fã de novelas, muito menos daquelas que começam às 22:30, haja vista que tenho que estar de pé às 05 da manhã. No entanto, ontem não pude deixar de assistir a um capítulo de Amor e Revolução. Fiquei impressionado com o realismo da trama no que se refere às cenas de violência e tortura e ao didatismo dos diálogos, tecidos como que na intenção de explicar ao telespectador o contexto sócio-político-histórico daqueles tempos. Numa cena do capítulo de ontem, por exemplo, um militar explicava a seus subordinados que o golpe fora apoiado por empresários e por políticos, tais como os então governadores Carlos Lacerda (Rio de Janeiro), Ademar de Barros (São Paulo) e Magalhães Pinto (Minas Gerais).
Mal começou, o folhetim do SBT já desperta a ira de setores interessados em manter o passado sob as sombras, talvez por temerem que nele seja encontrado algo que possa envergonhá-los. O site www.militar.com.br, por exemplo, propôs um abaixo-assinado contra a exibição da novela.
Enquanto a Comissão Nacional da Verdade não vira realidade, é oportuno conferir, capítulo a capítulo, a trama do SBT. Não se trata de uma produção chapa-branca cujo enredo gira em torno de um romance mamão com açúcar. Assim sendo, faço um convite àqueles que ainda não assistiram.
Os depoimentos que são exibidos no final de cada capítulo são um dos pontos fortes da novela. Reproduzo abaixo dois depoimentos bombásticos de pessoas que foram torturadas durante a ditadura. Em um deles, o da jornalista Rose Nogueira, companheira de Dilma Rousseff na prisão, fica provado que o sadismo era lugar-comum durante as sevícias aplicadas aos subversivos segundo o regime.
Quando todas as vias democráticas foram obstruídas pelo arbítrio castrense – eleições diretas, garantia de liberdades individuais, direito de greve, direito de protestar e de opinar -, não restaram muitas alternativas pacíficas àqueles que discordavam do regime, pois o lema passou a ser “Brasil, ame-o ou deixe-o”. Muitos deixaram o país por força da violência que aqui imperava, enquanto outros optaram pela luta armada. A verdadeira revolução ficou por conta destes – luta de Davi contra um Golias treinado e apoiado pelo império mais poderoso que o mundo conheceu. Contudo, diferentemente do relato bíblico, Golias sai vencedor, pelo menos por enquanto.
A história destes tempos sombrios é contada pelo folhetim Amor e Revolução do SBT. O autor Tiago Santiago e o diretor Reynaldo Boury fazem um grande favor à nação contando às novas gerações o que muitos dramaturgos não ousaram ou não puderam contar.
Não sou fã de novelas, muito menos daquelas que começam às 22:30, haja vista que tenho que estar de pé às 05 da manhã. No entanto, ontem não pude deixar de assistir a um capítulo de Amor e Revolução. Fiquei impressionado com o realismo da trama no que se refere às cenas de violência e tortura e ao didatismo dos diálogos, tecidos como que na intenção de explicar ao telespectador o contexto sócio-político-histórico daqueles tempos. Numa cena do capítulo de ontem, por exemplo, um militar explicava a seus subordinados que o golpe fora apoiado por empresários e por políticos, tais como os então governadores Carlos Lacerda (Rio de Janeiro), Ademar de Barros (São Paulo) e Magalhães Pinto (Minas Gerais).
Mal começou, o folhetim do SBT já desperta a ira de setores interessados em manter o passado sob as sombras, talvez por temerem que nele seja encontrado algo que possa envergonhá-los. O site www.militar.com.br, por exemplo, propôs um abaixo-assinado contra a exibição da novela.
Enquanto a Comissão Nacional da Verdade não vira realidade, é oportuno conferir, capítulo a capítulo, a trama do SBT. Não se trata de uma produção chapa-branca cujo enredo gira em torno de um romance mamão com açúcar. Assim sendo, faço um convite àqueles que ainda não assistiram.
Os depoimentos que são exibidos no final de cada capítulo são um dos pontos fortes da novela. Reproduzo abaixo dois depoimentos bombásticos de pessoas que foram torturadas durante a ditadura. Em um deles, o da jornalista Rose Nogueira, companheira de Dilma Rousseff na prisão, fica provado que o sadismo era lugar-comum durante as sevícias aplicadas aos subversivos segundo o regime.
Depoimento de Jarbas Marques
Depoimento de Rose Nogueira
______________________________
Comentários
abraços!!
Zenha - Geógrafo