José Serra agora não quer falar de dossiê

Por Baptista Chagas de Almeida

Não dá para entender a atitude do candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, muito menos sua estratégia para vencer as eleições. Em gravação de um programa de entrevistas para uma emissora de televisão, Serra reclamou que não queria discutir a quebra do sigilo na Receita Federal e as pesquisas eleitorais. É estranho, já que seu programa no horário eleitoral gratuito tem dedicado um bom tempo às denúncias que atingem o governo Lula e a ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, ninguém mais que a sucessora de sua principal adversária, Dilma Rousseff (PT), no comando da pasta. De repente, não mais que de repente, será que surgiu o “Serrinha paz e amor”?

Pelo jeito, não. Afinal, não é o que parece. Com a insistência dos entrevistadores nos temas que não queria responder, Serra interrompeu bruscamente a entrevista (que estava sendo gravada para ir ao ar em outro horário) e se levantou dizendo: “Não vou dar esta entrevista, vocês me desculpem. Faz de conta que eu não vim”. E já ia embora, quando foi convencido pelos anfitriões a ficar. E, então, falou de seus planos, caso chegue à Presidência da República.

O episódio dá a dimensão da falta de rumos da campanha tucana. A crítica vem dos próprios partidários de Serra. A queixa é generalizada, de falta de organização à dificuldade de material. Se muita gente do lado de Serra já não queria muito ter que enfrentar a alta popularidade de Lula, a campanha do PSDB tem facilitado as coisas. Depois de muito pregar no deserto, eles enfiam a viola no saco, cuidam da própria vida e deixam a briga pelo Palácio do Planalto para lá.


Fonte: jornal Estado de Minas - 16 de setembro de 2010.

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