Dica cultural - o papel da IBM no Holocausto



Por Cléber Sérgio de Seixas

O Holocausto dos judeus perpetrado pelo nazifascismo durante as décadas de 30 e 40 do século passado foi uma das maiores hecatombes da História. O assunto já foi dissecado de várias formas e por inúmeros autores. Pouco explorada, porém, é a colaboração de grandes empresas com os nazistas. 

Nos idos de 30 do século XX, muitos empresários alemães financiaram o nazismo visando impedir, sobretudo, o avanço do comunismo no país. A história de como tais homens de negócios colaboraram com o genocídio de judeus, eslavos, ciganos, negros, homossexuais e outros é pouco explorada por historiadores, cineastas e escritores, mas hoje é notório que corporações como Bayer, Krupp e Siemens colaboraram com o regime nazista. Apesar de tal colaboração, muitas destas empresas, ainda hoje, gozam de boa reputação junto ao mercado e à opinião pública.

Menos ainda se sabe sobre a parceria de empresas não alemãs com o III Reich.  A norte-americana IBM, por exemplo, forneceu aos nazistas o know-how para organizar a logística de segregação e matança de judeus e outros. Não fossem as máquinas perfuradoras de cartão fornecidas pela IBM, avós dos computadores modernos, dificilmente os fascistas alemães e seus colaboradores teriam conseguido, com tamanha precisão, localizar, catalogar, separar, alojar e por fim, exterminar, de forma sistemática, contingente tão grande de seres humanos.

No livro A IBM e o Holocausto, Edwin Black esmiúça os meandros das relações entre a empresa do título e o III Reich de Adolf Hitler. Com base em extensa documentação, a obra revela como o principal executivo da IBM mantinha contatos com o Führer e seus asseclas, e como a empresa norte-americana forneceu a tecnologia para que os nazistas implementassem a logística do extermínio que levou à morte cerca de seis milhões e meio de judeus.

O nome de Hitler já foi lançado na lata de lixo da História, mas o de James Watson, o principal executivo da IBM à época, permanece incólume, bem como a reputação da gigante do segmento de eletrônica e informática.

Poucos escritores, como Black, empenham esforços para a investigação de empresas que colaboraram com regimes assassinos e ditatoriais. Assim, essas corporações atravessam décadas gozando de prestígio e tocando seus vultosos negócios, com os nefastos efeitos de suas operações comerciais e suas execráveis parcerias escondidos sob o tapete.

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