Direita e esquerda



Por Jeferson Malaguti Soares *

Quem é de esquerda não se esconde, diz que é e pronto. Já os de direita nunca se reconhecem como tal. Usam silogismos, premissas subentendidas. Costumam se autodefinir como “pessoas pós-modernas” que não acreditam que a fronteira entre direita e esquerda esteja muito clara. 

No entanto, fica cada dia mais claro que a direita tem como primícias o capitalismo e suas principais crias, o neoliberalismo e o individualismo. Enquanto a esquerda tende ao socialismo e ao coletivismo. 

Os seguidores de Robespierre na Revolução Francesa se enchiam de orgulho quando apontados como jacobinos. Formados por homens oriundos da pequena burguesia urbana, os jacobinos ficaram reconhecidos na história principalmente por seu republicanismo radical e também pelo papel centralizador desempenhado pelo Estado no processo revolucionário. 

Já os girondinos, faziam parte de um grupo político moderado durante o processo da Revolução Francesa. Seus integrantes eram da alta burguesia francesa. Os girondinos defenderam, durante o processo da Revolução Francesa, a instalação de uma monarquia constitucional na França, após a queda do absolutismo. Portanto, eram contrários ao radicalismo defendido pelos jacobinos e não se incomodavam de serem chamados girondinos, pois vinham de um partido político denominado Gironda. No entanto, eram ricos afetados e sequer se aproximavam de um jacobino, tal qual age hoje, pelo mundo, a direita frente à esquerda. Na verdade, hoje em dia, um tem asco do outro.

Nos desfiles militares convencionou-se que o pé direito é aquele que bate mais forte ao chão quando se marcha. Também é aquele que acompanha o toque do “bumbo”, instrumento musical de som grave e seco das bandas marciais. Ao pé esquerdo cabe apenas completar o desfile, a parada militar. Ele quase se arrasta. Da mesma forma, a continência, saudação militar e atitude manifesta de respeito e apreço por um superior hierárquico, é praticada pela mão e braço direitos. Ao braço esquerdo cabe carregar, empunhar, arma pesada em paradas e desfiles (serviço pesado).

Da mesma forma, numa solenidade, senta-se à direita de quem vá presidi-la, a autoridade de maior importância após o presidente da seção. A direita é sempre reservada a pessoas tidas como importantes, a esquerda para os menos importantes.

Até no quadro onde se pinta a Santa Ceia, última refeição de Jesus com seus apóstolos, nota-se à sua direita os apóstolos mais amados, Pedro, Paulo, Judas, Tiago. À esquerda estão os menos empoderados como Judas Iscariotes, Tomé, Felipe e André, por exemplo. Dizem até que Maria Madalena é representada à direita de Cristo em algumas obras sobre a Santa Ceia. Sabe-se da grande influência dela sobre Jesus naquele tempo.

Ora, vejam então que a direita é sempre representada pelos principais donos do poder e à esquerda sempre cabe o papel de coadjuvante.

No entanto, nos cabe lembrar que o papel maior de defender fracos, oprimidos,  despossuídos e desassistidos sempre coube à esquerda. À direita o papel que sempre lhe foi reservado é o de preservar os próprios interesses, contra quem quer que os ameacem. 

Direita e Esquerda, uma questão de opção pessoal. Não se pode delegar a outrem a escolha. Sou destro, mas sempre preferi a esquerda.


* Jeferson Malaguti Soares é administrador, consultor de empresas, Secretário de Formação do PCdoB Ribeirão das Neves e colaborador deste blog.

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