Fotos e fatos - as cicatrizes de um genocídio

(Créditos: James Nachtwey/Magnum Photos)

Por Cléber Sérgio de Seixas

Desde os tempos coloniais as etnias hutu e tutsi são rivais em Ruanda. Depois que o país se tornou independente da Bélgica os tutsis, ou watusis, sempre governaram aquele país africano. Uma guerra civil entre as duas etnias irrompeu em 1990, quando a Frente Patriótica Ruandesa, formada por combatentes tutsis, invadiu o país vindo da vizinha Uganda. O conflito durou até agosto de 1993, quando uma trégua foi negociada. A paz foi interrompida com um atentado que resultou na morte do presidente Juvenal Habyarimana, cujo avião foi derrubado por um míssil. 

A maioria hutu, cerca de 85% da população ruandense, acusou os tutsis pela morte do presidente e iniciou um massacre que deixaria mais de 500 mil mortos, em sua maioria mutilados por golpes de facão. Estima-se que em apenas um mês tenha-se matado mais em Ruanda que em dois anos da guerra da Bósnia. 

O genocídio de Ruanda, um dos maiores do último século, só pode ser entendido se analisado enquanto efeito da colonização europeia da África. Antes da chegada dos colonizadores alemães e belgas, hutus e tutsis falavam a mesma língua e viviam harmoniosamente num território que na época também compreendia o vizinho Burundi. Os tutsis, vindos da Etiópia, eram pastores, tinham pele mais clara, feições mais finas e eram mais altos. Os hutus eram agricultores, tinham pele mais escura e menor estatura. A discórdia entre as duas etnias se instalou quando os colonizadores escolheram os tutsis como intermediários no domínio colonial. Assim, enquanto os tutsis eram recrutados para trabalhar no governo e tinham acesso às escolas e ao Exército, os hutus eram relegados a um estado de sub-cidadania.

Vinte anos depois do massacre, as feridas ainda não cicatrizaram em Ruanda.

Nessa foto, tirada em junho de 1994, o fotógrafo norte-americano James Nachtwey retrata um homem hutu, em cujo rosto se vêem as marcas do genocídio, num hospital da Cruz Vermelha. O homem, suspeito de simpatizar com os tutsis, foi atacado por integrantes da milícia hutu Interahamwe.

Uma narrativa do genocídio de Ruanda pode ser conferida no filme Hotel Ruanda (Terry George, 2004).

Comentários

Sérgio L. Santos disse…
Olá. Pessoal! Não conhecia este informativo. Parabéns a todos.