A hipocrisia da mídia

Por Jeferson Malaguti Soares *

O que vale para o PSDB não vale para o PT. O que é permitido aos tucanos é negado aos petistas. O que castiga o PT premia os tucanos. Só petistas têm vicissitudes. Virtudes, apenas os tucanos. Um mesmo fato é publicado de forma diversa se praticado por petistas ou tucanos. Matreira vulgaridade, vocação predadora, absoluta falta de escrúpulos. Nossa mídia carece de pudor, tergiversa ante o principal, valoriza o secundário. 

O PIG (Partido da Imprensa Golpista) se protege sob o manto do cinismo dos patrões, promovem a baixaria, a mentira, os factóides, além do tradicional corporativismo da classe. Materializa constantemente o olhar do preconceito, ignora verdades atemporais, exagera em digressões e aforismos impertinentes e carregados de afronta. Enfim, é um exemplo claro de receptáculo das intrigas e maledicências da direita. Sofre de uma compulsão obsessiva de desconstruir o lulopetismo, sobrepõe-se ao prazer das vitórias tucanas e é insaciável no afã de perseguir as esquerdas. 

A impressões que ficam são as de que o cérebro dos donos da mídia estão em pleno processo de regressão cognitiva, tamanha é a ideia fixa que desenvolveram contra o povo brasileiro carente. Buscam moldar a cultura nacional a um nível rasteiro, não têm respeito pela opinião publica e tentam influenciá-la através da sua opinião publicada. A qualidade das matérias é questionável, quando não visivelmente desprovidas de qualquer valor moral e ético. 

Desqualifica seus jornalistas. Quanto menos autonomia intelectual e financeira eles tiverem, melhor para a direita conservadora e burguesa. A profissão de jornalista hoje é vilipendiada pelos donos da mídia. É arrastada para a ignomínia. Estatísticas são manuseadas, o pânico sobre a crise que assola o mundo é espalhado entre os brasileiros. Sangue é o que vende - droga, crimes, desastres, o pânico é bem-vindo e ainda estimula a crença sobre o aumento da criminalidade, da impunidade e da corrupção. Inimigos fantasiosos como comunistas, negros,  favelados e islâmicos são inventados. 

O jogo político que a mídia quer nos impor está mais para uma banca de feira do que para discussão sadia de ideologias. Apesar de que, ideologia partidária parece desaparecida do cardápio dos partidos políticos. Soluções tímidas para problemas maiores. Projetos pessoais viabilizam alianças de ocasião. 

A felicidade do brasileiro pobre parece incomodar bastante a burguesia, representada pela mídia nacional. Enquanto isto ela navega num mar de vergonhas e mau-caratismo. Finge crenças e virtudes que não possui. Grassa a hipocrisia. A grande mídia vive em contubérnio com a direita reacionária, elite que nunca teve pretensão de consolidar uma nação, de acabar com as desigualdades sociais e regionais, de construir uma grande república cidadã. Enfim, nossa mídia está focada no exercício da animosidade, da ambiguidade, da hipocrisia,da agressividade gratuita e irresponsável. Reputações são assassinadas, pessoas são desmoralizadas, impunemente. A mídia tudo pode. À mídia tudo é permissivo. 

Não fosse sectarismo, seria oportuna a frase proferida por Balzac no início do século 19: "se a imprensa não existisse, seria necessário não inventá-la". 

* Jeferson Malaguti Soares é administrador, consultor e colaborador deste blog.

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