A síndrome do direitismo enrustido

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Por Cléber Sérgio de Seixas

A imprensa burguesa tupiniquim padece de uma doença cuja cura é ainda desconhecida. Um dos sintomas clássicos de tal patologia é a recusa daquela em confessar que suas convicções ideológicas se posicionam à direita do cenário político-ideológico. Outra afecção marcante da doença é a fala desconexa e descontextualizada e a megalomania, ambas se manifestam em reportagens e editoriais.

Praticamente não se tem notícia de casos desta doença em outros países, sobretudo no continente europeu e nos EUA. Na França, por exemplo, veículos como o Le Figaro e o Le Monde confessam-se abertamente de um lado ou de outro do espectro político-econômico-ideológico, o primeiro abertamente conservador e de direita, o segundo de esquerda. Nos Estados Unidos, até o mundo mineral conhece as posições ultraconservadoras do grupo Fox.

No Brasil há raras exceções de grupos midiátios que não foram contaminados por essa doença. Vez ou outra um veículo manifesta sinais de cura. Foi o caso do Estadão no dia 25 de setembro de 2010, no calor da campanha presidencial.

Em editorial, o famoso diário paulista confessou sua predileção pela candidatura de José Serra à Presidência da República. “Com todo o peso da responsabilidade à qual nunca se subtraiu em 135 anos de lutas, o Estado apoia a candidatura de José Serra à Presidência da República, e não apenas pelos méritos do candidato, por seu currículo exemplar de homem público e pelo que ele pode representar para a recondução do País ao desenvolvimento econômico e social pautado por valores éticos”, afirmava o periódico no texto intitulado “Mal a evitar” (clique aqui para ler ).

Apesar do arroubo de honestidade em confessar as predileções políticas, o jornal teve uma recaída e, ao que tudo indica, permanece manifestando os sintomas do mal supracitado. Uma das ocasiões em que se detectaram os sintomas da doença foi hoje na rede social conhecida como Twitter (vide figura no topo).

Atentem para a subliminar preferência do diário paulista. Lê-se na mensagem: “PT e partido de Russomano se unem contra o PSDB para defender Lula”. Percebam a necessidade de citar o nome de Celso Russomano, candidato que lidera as pesquisas à Prefeitura paulistana  e cujo partido é o PRB. Por outro lado, o twitt informa que o alvo do PT e do “partido de Russomano” é o PSDB, o partido do mesmo José Serra que em 2010 revelou-se o queridinho do Estadão. Porque não “twittaram” assim: “PT e PRB se unem contra o PSDB para defender Lula”?  Será uma tentativa de reverter o quadro de queda nas pesquisas do Nosferatu tucano atacando o candidato que lidera as pesquisas? Como Lula é a bola da vez (será que algum dia desde 2003 ele deixou de ser?), defendê-lo seria o maior de todos os pecados.

Eventos como esse atestam a necessidade de busca de cura para essa doença que, provisoriamente, está sendo chamada de a síndrome do direitismo enrustido. A jugar pelo twitt do Estadão, a cura para este mal está longe de ser alcançada.

Todo e qualquer veículo de imprensa tem a liberdade de ser de direita ou de esquerda. O que não é aceitável é que esses veículos se apresentem para os leitores, telespectadores e ouvintes como supostamente imparciais, pairando acima do bem e do mal.  O cidadão tem o direito de saber de que lado estão os veículos formadores de opinião, para que possa escolher aqueles que mais se aproximem de suas convicções políticas e ideológicas.

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