O que é bom dura pouco?
Por Cléber Sérgio de Seixas
O espetáculo de samba e choro a que assisti nesse fim de semana me trouxe à lembrança os grandes compositores e as grandes vozes que esse país já perdeu. Elis Regina, Dalva de Oliveira, Orlando Silva, Francisco Alves, Pixinguinha, Sílvio Caldas, Ataulfo Alves, Mario Lago, Ary Barroso, Vicente Celestino, Adoniran Barbosa, Carlos Galhardo, Nelson Gonçalves, Noel Rosa, Zé Kéti, Dorival Caymmi, Cartola, etc, são autores e intérpretes pouco ou quase nunca lembrados.
Infelizmente, o povo brasileiro não tem memória musical e se contenta com a efemeridade e a superficialidade dos "hits" comerciais que lhes são impostos pelas rádios e gravadoras, mais interessados em lucrar que semear cultura.
No capitalismo tudo é transformado em mercadoria. Na atualidade, as “ondas” musicais oscilam ao sabor dos ditames do lucro, sob a égide da lógica capitalista que impõe um curto ciclo de vida ao produto, algo que alguns autores chamam de obsolescência programada. Explico: se, no passado, uma música ficava meses e até anos nas assim chamadas paradas de sucesso, hoje bastam poucos meses para que uma unanimidade passe rapidamente ao ostracismo, caindo no esquecimento do público.
Infelizmente, o povo brasileiro não tem memória musical e se contenta com a efemeridade e a superficialidade dos "hits" comerciais que lhes são impostos pelas rádios e gravadoras, mais interessados em lucrar que semear cultura.
No capitalismo tudo é transformado em mercadoria. Na atualidade, as “ondas” musicais oscilam ao sabor dos ditames do lucro, sob a égide da lógica capitalista que impõe um curto ciclo de vida ao produto, algo que alguns autores chamam de obsolescência programada. Explico: se, no passado, uma música ficava meses e até anos nas assim chamadas paradas de sucesso, hoje bastam poucos meses para que uma unanimidade passe rapidamente ao ostracismo, caindo no esquecimento do público.
Em outras palavras, a música e o cantor são “fabricados” para durar pouco. É a cultura do descartável, tal qual os produtos que consumimos, cuja durabilidade e resistência são, propositalmente, cada vez menores. Sob a ótica capitalista é assim que deve ser para que a roda do consumo não pare de girar. Quando o paradigma for o mercado, desconfie da qualidade.
Hoje, mais vale uma bela aparência e a desenvoltura diante do público - que muitos eufemisticamente chamam de “presença de palco” - que uma bela voz ou a afinada interpretação de uma boa música. A palavra de ordem não é "cantar" e sim "animar".
Nelson Gonçalves, uma de nossas maiores vozes, certa vez disse que este país não tinha memória e, por isso, queria que fosse cremado quando morresse para que ninguém viesse e fizesse xixi na sua campa. Na França a maioria se lembra de Édith Piaf; na Argentina muitos ainda evocam a lembrança de Carlos Gardel, que nem argentino de nascimento era; nos Estados Unidos Frank Sinatra, apelidado de “A Voz” (The Voice) é lugar-comum; mas por aqui poucos conhecem Orlando Silva, Francisco Alves ou Nelson Gonçalves.
Felizmente, ainda há aqueles que prezam por uma boa voz, por uma boa interpretação e por um instrumental de qualidade dando suporte a uma melodia com conteúdo.
Aos que julgam certas composições ultrapassadas, velhas ou caretas, respondo que música não tem idade, sobretudo se for boa. Se as melodias se desfizessem na poeira do tempo, como muitos afirmam, não haveria regravações dando novas roupagens a músicas antigas.
Para não deixar que a boa música e as grandes vozes caiam no esquecimento, fiquem com uma das melhores interpretações de Nelson Gonçalves, acompanhado de Jacob do Bandolim, outro gênio da música popular brasileira.
Comentários