Mensalão: julgamento do século?
Por Jeferson Malaguti Soares *
Os capitalistas neoliberais e seus representantes na política nacional (leia-se políticos do PSDB, DEM e PPS), estão morrendo de rir da esquerda e, entre eles, o comentário único e carregado de ironia é que os petistas são “amadores”.
Verdade é que aqueles senhores conhecem como ninguém a arte de se apropriar de recursos públicos. Como exemplos mais recentes cito as privatizações das estatais; os títulos cambiais; os juros da divida pública; bilhões de reais para financiamento de suas campanhas políticas através de Caixa 2. Todos sabem, mas a imprensa finge ignorar, que o DNA do valerioduto é tucano, criado na campanha de reeleição do governador de Minas Eduardo Azeredo, em 1995. Todos conhecem os inúmeros escândalos do governo Fernando Henrique que foram abafados tanto pela imprensa quanto pelo parlamento corrupto e vassalo da época. No entanto, publicamente, esses senhores se tornaram paladinos da moralidade com o apoio decisivo da mídia nacional, partidária, aética, que forja noticias e deturpa fatos, e é dependente de grupos de poder.
Pior que um moralista, só um falso moralista. Mesmo com todos os equívocos cometidos por alguns setores do PT, é inegável que, dos grandes partidos existentes, é ele o que tem mais condições de lutar contra a corrupção. A corrupção nada mais é que a apropriação ilegal dos bens públicos por interesses privados. Nesse particular, políticos do PSDB, como José Serra, por exemplo, são mestres. Quem leu “A Privataria Tucana” do jornalista Amaury Ribeiro Junior, sabe do que estou falando. Mais uma vez a imprensa tupiniquim fez questão de ignorar as graves denúncias do livro. Nesse sentido, os partidos representantes do grande capital, com a intimidade que adquiriram com o lucro e a apropriação privada, serão sempre os mais tentados a ultrapassar as fronteiras da legalidade para se apropriarem de bens públicos. Já partidos populares como o PT, íntimos da luta pela igualdade e pela justiça social, serão sempre menos vulneráveis à corrupção, apesar da imprensa dizer e pregar exatamente o contrário.
Enfim, como escreveu Marcos Coimbra na edição 705 da revista CARTA CAPITAL: ”naquele do PT, nada foi provado que sugerisse ter havido “mensalão”, na acepção que a palavra adquiriu em nosso vocabulário político: o pagamento de gordas propinas mensais regulares a parlamentares para votar com o governo.” Nessa mesma linha, Walter Maierovitch, na mesma edição da revista, escreveu: ”de olho num desgaste de adversários em período eleitoral, muitos aplaudem a pressa do STF (em julgar o chamado mensalão do PT). Lógico, se esquecem da lentidão do processo chamado mensalão tucano (que a imprensa finge ignorar)”.
Quer a nossa imprensa que o julgamento pelo STF do que se convencionou chamar de mensalão do PT seja estigmatizado como o julgamento do século no país. Nós, os brasileiros que não lêem VEJA nem se deixam enganar pelo JORNAL NACIONAL, sabemos que o verdadeiro julgamento do século seria exatamente aquele em que fossem colocados na cadeira de réus, os grandes predadores do Estado, ligados ao grande capital privado e às finanças nacionais e internacionais, os quais se dedicaram expressivamente às privatizações fraudulentas, ao assalto aos fundos de pensões, à compra de parlamentares e às mais diversas e cruéis atitudes aéticas em prejuízo do erário nacional. A esses, sim, caberia um extraordinário e justo julgamento, fosse probo nosso poder judiciário.
* Jeferson Malaguti Soares é membro da Executiva do PCdoB em Ribeirão das Neves/MG e colaborador deste blog.
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