Sobre sapos e escorpiões
Por Cléber Sérgio de Seixas
O desalento e o espanto tomaram conta da blogosfera progressista em função da presença da presidente Dilma ontem na festa de 90 anos da Folha de São Paulo. Blogueiros não alinhados com a grande mídia, que há alguns meses estavam engajados numa luta para desfazer, um a um, os boatos e calúnias sobre a então candidata petista à Presidência da República e que, em certa medida, contribuíram para sua vitória, receberam a notícia como um balde de água fria.
Blogueiros como Eduardo Guimarães e Leandro Fortes indignaram-se com o que tanto pode ser interpretado como uma capitulação da Presidência ao poderio midiático, quanto pode ser considerado uma tática governista dentro de uma estratégia maior. Há os que vêem no gesto de Dilma um tapa de luvas que só quem recentemente foi alvo de uma avalanche de calúnias pode desferir. Há quem diga que a Presidente foi acometida pela Síndrome de Estocolmo, e não são poucos os que desconfiam que tal atitude venha a comprometer uma disposição futura do governo no sentido de regulamentar os meios de comunicação.
Os jornalões - representantes clássicos da mídia tradicional, que gradativamente perdem leitores e poder de influenciar – defendem seu quinhão quando agitam a bandeira branca para acenar uma trégua com um Governo Federal que por 8 anos ininterruptos fustigaram. Ontem, se fizeram representar pelos Frias, um clã midiático cujo jornal recentemente deixou de ser o mais lido no país.
A essa altura, é necessário repisar que a Folha deu voz e vez à extrema direita ao publicar uma ficha falsa de Dilma, e fez os mortos pela ditadura durante os anos de chumbo revirarem nos túmulos quando cunhou o termo “ditabranda” para designar o regime de exceção que durante 21 anos cometeu em solo tupiniquim toda sorte de arbitrariedades. Não é demais acrescentar que a Folha, conforme o relato da escritora Beatriz Kushnir no livro “Cães de guarda”, colaborou com o aparato repressivo da ditadura emprestando seus veículos para armar ciladas para perseguidos políticos.
Se isso nada mais é que uma das manifestações da realpolitik, que me perdoem os políticos, mas nós, os blogueiros que demos nossas modestas contribuições para a vitória de Dilma, não somos desmemoriados. Assim sendo, estamos por entender a atitude de nossa excelentíssima Presidenta e de seu séquito ministerial.
Fico a imaginar o espanto das esquerdas quando Luís Carlos Prestes apoiou o queremismo e, posteriormente, a candidatura de Getúlio Vargas à Presidência em 1950, apesar de este último tê-lo mantido preso por 9 anos e ter ordenado a deportação de sua companheira Olga Benário, resultando no assassinato desta num campo de concentração nazista em 1942.
Lula preferiu não ter o escorpião midiático sobre seu costado. É que ele era, segundo o saudoso Brizola, um sapo diferente, um sapo barbudo. Em 2002, a imprensa golpista nacional e a elite que ela representa tiveram que engolir esse sapo. No entanto, o sapo petista, de gosto amargo, nunca foi digerido pelos veículos de comunicação hegemônicos. Dilma, por seu turno, e se forem confirmadas as hipóteses negativas acerca de sua presença no evento da Folha, pode ter aderido ao insalubre esporte da anurofagia por, talvez, não conhecer a fábula africana do sapo e do escorpião.
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O desalento e o espanto tomaram conta da blogosfera progressista em função da presença da presidente Dilma ontem na festa de 90 anos da Folha de São Paulo. Blogueiros não alinhados com a grande mídia, que há alguns meses estavam engajados numa luta para desfazer, um a um, os boatos e calúnias sobre a então candidata petista à Presidência da República e que, em certa medida, contribuíram para sua vitória, receberam a notícia como um balde de água fria.
Blogueiros como Eduardo Guimarães e Leandro Fortes indignaram-se com o que tanto pode ser interpretado como uma capitulação da Presidência ao poderio midiático, quanto pode ser considerado uma tática governista dentro de uma estratégia maior. Há os que vêem no gesto de Dilma um tapa de luvas que só quem recentemente foi alvo de uma avalanche de calúnias pode desferir. Há quem diga que a Presidente foi acometida pela Síndrome de Estocolmo, e não são poucos os que desconfiam que tal atitude venha a comprometer uma disposição futura do governo no sentido de regulamentar os meios de comunicação.
Os jornalões - representantes clássicos da mídia tradicional, que gradativamente perdem leitores e poder de influenciar – defendem seu quinhão quando agitam a bandeira branca para acenar uma trégua com um Governo Federal que por 8 anos ininterruptos fustigaram. Ontem, se fizeram representar pelos Frias, um clã midiático cujo jornal recentemente deixou de ser o mais lido no país.
A essa altura, é necessário repisar que a Folha deu voz e vez à extrema direita ao publicar uma ficha falsa de Dilma, e fez os mortos pela ditadura durante os anos de chumbo revirarem nos túmulos quando cunhou o termo “ditabranda” para designar o regime de exceção que durante 21 anos cometeu em solo tupiniquim toda sorte de arbitrariedades. Não é demais acrescentar que a Folha, conforme o relato da escritora Beatriz Kushnir no livro “Cães de guarda”, colaborou com o aparato repressivo da ditadura emprestando seus veículos para armar ciladas para perseguidos políticos.
Se isso nada mais é que uma das manifestações da realpolitik, que me perdoem os políticos, mas nós, os blogueiros que demos nossas modestas contribuições para a vitória de Dilma, não somos desmemoriados. Assim sendo, estamos por entender a atitude de nossa excelentíssima Presidenta e de seu séquito ministerial.
Fico a imaginar o espanto das esquerdas quando Luís Carlos Prestes apoiou o queremismo e, posteriormente, a candidatura de Getúlio Vargas à Presidência em 1950, apesar de este último tê-lo mantido preso por 9 anos e ter ordenado a deportação de sua companheira Olga Benário, resultando no assassinato desta num campo de concentração nazista em 1942.
Lula preferiu não ter o escorpião midiático sobre seu costado. É que ele era, segundo o saudoso Brizola, um sapo diferente, um sapo barbudo. Em 2002, a imprensa golpista nacional e a elite que ela representa tiveram que engolir esse sapo. No entanto, o sapo petista, de gosto amargo, nunca foi digerido pelos veículos de comunicação hegemônicos. Dilma, por seu turno, e se forem confirmadas as hipóteses negativas acerca de sua presença no evento da Folha, pode ter aderido ao insalubre esporte da anurofagia por, talvez, não conhecer a fábula africana do sapo e do escorpião.
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