Banda larga para todos
Editorial do Jornal Estado de Minas - 24/02/2011
É crescente o número de pessoas que passam a acessar a internet em banda larga no Brasil, apesar de o serviço não corresponder ao preço que se paga no país. Levantamento da Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil) revela que o quadro de deficiências da oferta do serviço pelas operadoras nas regiões mais distantes ou menos prósperas já não é o mesmo do início do ano passado, quando o governo decidiu reativar a Telecomunicações Brasileiras S.A. (Telebrás), antiga holding das telefônicas estatais, com a missão de tocar o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL). A ideia era acelerar a universalização do acesso, oferecendo o serviço a preço baixo. Enquanto o plano patina, as operadoras privadas ganham espaço como podem. Empurrados pelos modems de conexão e pelos aparelhos de terceira geração (3G), os acessos em banda larga têm conseguido superar antigas limitações geográficas. Em janeiro, a cobertura da rede de acesso móvel à internet já tinha alcançado 4.897 cidades, ou seja, 88% dos municípios, envolvendo 185 milhões de habitantes (95% da população brasileira).
E o crescimento das adesões à banda larga continua frenético. Depois de fechar 2010 com base de 34,2 milhões de acessos de internet rápida, com crescimento de 71% sobre o ano anterior, 2011 começou em ritmo ainda mais acelerado. Dados do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil) mostram que no fim de janeiro os acessos somaram 36,1 milhões, refletindo aumento de 53% sobre janeiro do ano passado. Nos últimos 12 meses, as operadoras de telefonia passaram a realizar 24 novas instalações por minuto. Somente na banda larga móvel – que inclui modems para a internet e celulares 3G -, o avanço foi de 85%. Mas ninguém deve se iludir. Esse crescimento revela apenas o desejo reprimido de se conectar com o mundo moderno e a potencialidade desse mercado, enquanto a realidade do acesso universal no país continua desafiadora. Como todo esse avanço, a soma dos acessos não representa nem 20% da população, ou seja, de cada cinco brasileiros mais de quatro continuam fora da rede.
O serviço chegou à maioria das cidades, mas a maior parte das pessoas não pode pagar por ele. É preciso estimular a concorrência, pois não chega a um terço dos municípios atendidos (1.551) os que contam com mais de uma operadora. O resultado é que o Brasil ainda perde feio até para latino-americanos como o México, a Argentina e o Chile, em que a presença da banda larga na vida das pessoas e nos negócios das empresas é quase o dobro da que ocorre aqui. Essa é uma desvantagem que não vale a pena manter. Se o governo acredita que uma empresa com as limitações de uma estatal pode cumprir o papel de derrubar as tarifas pela vida da oferta, precisa imprimir ritmo mais veloz à estruturação da Telebrás. Caminho mais curto pode ser a redução do peso tributário de 43% a 63% sobre os serviços de telecomunicações. A desoneração dos computadores já fez do Brasil o quarto maior mercado desses aparelhos no mundo, sem criar cabide de empregos públicos. É uma experiência que não pode ser desprezada, já que, na inclusão digital, o país não pode se dar ao luxo de perder mais tempo.
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É crescente o número de pessoas que passam a acessar a internet em banda larga no Brasil, apesar de o serviço não corresponder ao preço que se paga no país. Levantamento da Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil) revela que o quadro de deficiências da oferta do serviço pelas operadoras nas regiões mais distantes ou menos prósperas já não é o mesmo do início do ano passado, quando o governo decidiu reativar a Telecomunicações Brasileiras S.A. (Telebrás), antiga holding das telefônicas estatais, com a missão de tocar o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL). A ideia era acelerar a universalização do acesso, oferecendo o serviço a preço baixo. Enquanto o plano patina, as operadoras privadas ganham espaço como podem. Empurrados pelos modems de conexão e pelos aparelhos de terceira geração (3G), os acessos em banda larga têm conseguido superar antigas limitações geográficas. Em janeiro, a cobertura da rede de acesso móvel à internet já tinha alcançado 4.897 cidades, ou seja, 88% dos municípios, envolvendo 185 milhões de habitantes (95% da população brasileira).
E o crescimento das adesões à banda larga continua frenético. Depois de fechar 2010 com base de 34,2 milhões de acessos de internet rápida, com crescimento de 71% sobre o ano anterior, 2011 começou em ritmo ainda mais acelerado. Dados do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil) mostram que no fim de janeiro os acessos somaram 36,1 milhões, refletindo aumento de 53% sobre janeiro do ano passado. Nos últimos 12 meses, as operadoras de telefonia passaram a realizar 24 novas instalações por minuto. Somente na banda larga móvel – que inclui modems para a internet e celulares 3G -, o avanço foi de 85%. Mas ninguém deve se iludir. Esse crescimento revela apenas o desejo reprimido de se conectar com o mundo moderno e a potencialidade desse mercado, enquanto a realidade do acesso universal no país continua desafiadora. Como todo esse avanço, a soma dos acessos não representa nem 20% da população, ou seja, de cada cinco brasileiros mais de quatro continuam fora da rede.
O serviço chegou à maioria das cidades, mas a maior parte das pessoas não pode pagar por ele. É preciso estimular a concorrência, pois não chega a um terço dos municípios atendidos (1.551) os que contam com mais de uma operadora. O resultado é que o Brasil ainda perde feio até para latino-americanos como o México, a Argentina e o Chile, em que a presença da banda larga na vida das pessoas e nos negócios das empresas é quase o dobro da que ocorre aqui. Essa é uma desvantagem que não vale a pena manter. Se o governo acredita que uma empresa com as limitações de uma estatal pode cumprir o papel de derrubar as tarifas pela vida da oferta, precisa imprimir ritmo mais veloz à estruturação da Telebrás. Caminho mais curto pode ser a redução do peso tributário de 43% a 63% sobre os serviços de telecomunicações. A desoneração dos computadores já fez do Brasil o quarto maior mercado desses aparelhos no mundo, sem criar cabide de empregos públicos. É uma experiência que não pode ser desprezada, já que, na inclusão digital, o país não pode se dar ao luxo de perder mais tempo.
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