É necessário abandonar a Saúde para zelar pela Economia? O que poderia ter sido feito para salvar vidas e promover a manutenção da Economia.


 Por Júnio Matheus da Silva Cruz


A Frente Pela Vida compilou uma série de esforços voltados para a área de saúde de modo a garantir o combate efetivo a pandemia, garantindo um retorno gradual e tranquilo as atividades normais, documento este que o Presidente que se finge tão preocupado com a Economia nem se deu o trabalho de olhar. Dentro deste documento foi possível destacar os seguintes pontos de atuação:


a) Piso Orçamentário Emergencial para o SUS: para o combate efetivo a Pandemia é necessário além do colapso do Teto de Gastos atual, acabando com as amarras fiscais e dando liberdade financeira e contábil ao estado, é preciso que se estipule um Piso Orçamentário para o SUS, ultrapassando os mínimos necessários estipulados em lei e também que não precise atender a legislação vigente sobre os gastos públicos. Salvar vidas é mais importante do que ao inserir uma formula no Excel esta devolva um resultado positivo financeiramente.

b) Melhorar atenção primária: a atenção primária corresponde a porta de entrada do SUS, que em geral são as Unidades de Pronto Atendimento (UPA’s), que têm visto sua capacidade se reduzir e a consequente inviabilidade do atendimento, posta a deficiência na integração do sistema graças ao corte de investimentos.

c) Integração do Cuidado: como colocado na necessidade de melhora da atenção primária, criar um protocolo adequado de integração do cuidado, de modo que de forma rápida e efetiva se receba o paciente, se teste, confirme ou não a infecção, e se envie os contaminados para os hospitais adequados, desafogando assim as UPA’s, para que estas mantenham os atendimentos primários, é um dos mecanismos de saúde de combate a pandemia que deveria estar sendo aplicado.

d) Transporte adequado e seguro: a logística de transporte dos casos suspeitos de COVID-19 deve ser feita de maneira planejada, evitando que estes transitem em transportes públicos ou veículos de aplicativo, expondo assim mais pessoas ao risco de contaminação. Deve existir uma disponibilidade de veículos adaptados e específicos para transportes destes do espaço em que estão até a unidade mais próxima para confirmação, ou não, da contaminação e realocação em um hospital criado e planejado especificamente para este fim.

e) Serviços de apoio diagnóstico: deve existir um protocolo claro que garanta o diagnóstico no período mais célere possível, e inicio do tratamento, ou impedimento de se contaminar outras pessoas, seja da forma mais efetiva possível, alinhando o diagnóstico em uma unidade de pronto atendimento e envio automático para tratamento em caso de confirmação da contaminação.

f) Leitos de Retaguarda: não se deve somente usar os leitos existentes para tratamento dos infectados. É preciso criar leitos de modo a garantir que toda e qualquer pessoa contaminada possa ocupar um leito especifico independente do grau sintomático da doença, fazendo assim com que todo infectado seja tirado de circulação, impedindo o alastramento da doença, e garantindo um isolamento adequado a aqueles que têm dificuldade de o fazer por questões socioeconômicas.

g) Fila única de Leitos de CTI: os leitos públicos e privados devem ser unificados, de modo a aumentar a capacidade de atendimento a população, levando em conta somente a existência do leito para que este possa ser ocupado, ignorando se este pertence ao estado ou a um ente privado que cobraria por ele.

h) Comitês da Comunidade Cientifica: devem ser criados grupos de trabalho envolvendo a comunidade cientifica para discutir e elaborar os protocolos para cada área que circunda a infecção, que vai desde o atendimento primário, medicação, internação, logística de transporte, permanência em unidades hospitalares e etc.

i) Busca ativa de casos (testagem em massa): só é possível garantir que as pessoas assintomáticas não infectem as saudáveis com a realização períodica de testagem em massa, num cenário em que se assegure o encaminhamento dos contaminados aos locais de tratamento e terapia corretos.

j) Bloquear cadeias de transmissão: a testagem em massa, o isolamentos dos contaminados em locais específicos para tratamento, a criação de espaços especializados em tratamento e permanência de contaminados (independente do grau sintomático) são estratégias que por fim tem como objetivo o bloqueio de cadeias de transmissão, evitando que contaminados contaminem qualquer outra pessoa.

k) Auxílio Financeiro para acometidos: é preciso também impedir que os contaminados, e seus familiares, tenham que abandonar o tratamento de forma incompleta devido a necessidades financeiras. Dentro do orçamento do SUS deve ser disponibilizado um valor que consiga sustentar o acometido e seus familiares por todo o período, que possa impedir que toda a família venha a contaminar outras pessoas.


Se o Presidente fosse tão preocupado com a Economia e com os empresários como ele diz ser, ele teria aplicado essas medidas, e não ter ficado por aí incentivando aglomerações e aparentemente tentando provocar imunidade de rebanho e quebradeira de empresas como ele provocou.