Ética na política
Por Jeferson Malaguti Soares *
Nos últimos meses falou-se em ética
na política mais do que em toda nossa história republicana.
Além dos notáveis guardiães dos
princípios da honorabilidade, brotaram do recente e doloroso processo político
vivenciado por nós ultimamente, figuras absolutamente estranhas aos conceitos a
ele inerentes.
Vemos os contumazes fisiologistas e
os eternos convivas da direita, alardeando conceitos moralizantes de postura
política que, diga-se de passagem, nunca fizeram uso no exercício da vida
pública.
A capacidade de adaptação
camaleônica de alguns personagens da nossa historiografia política é suficiente
para ruborizar os mais vetustos safardanas saídos da horda de Ali Babá.
A invulgar aptidão de alguns
políticos para a sabujice perante o poder os leva a sepultarem hoje a conduta
de ontem e aplaudirem agora o que apupavam num passado recente. Os áulicos dos
governos tucanos de FHC são mestres nisso.
Impera a impostura, o favorecimento
prospera e a ética, apesar de cantada em versos, mergulha a largas braçadas no
mar de lama e desonra, por onde navegamos nestes tempos de mentiras e
leviandade de nossa mídia golpista.
Assim, usam o termo “ética” sem
cerimônia, desaforadamente. E por quê? Porque essa gente não conhece a etiologia
do comportamento humano, que deveria ser, e não é, regido, exclusivamente,
pelos ditames de uma consciência sadia e limpa. Não tiveram acesso à educação
de berço na qual se prioriza e privilegia o respeito às individualidades, à
defesa da honra e ao exercício do brio.
Tão cedo nos livraremos desses
pustulentos parasitas do poder público. A prática da democracia precisa nos
alimentar com doses cada dia maiores de sabedoria, para que aprendamos a
escolher nossos representantes.
Que não sejamos, contudo,
visionários a ponto de acreditarmos ser possível expungir do cenário político atitudes
venais, devassas e veleidades, soberba ou empáfia dos demagogos e oportunistas
de plantão.
No passado, a cada dia, novas
denúncias de corrupção, nepotismo, favorecimentos, prevaricação,
superfaturamentos, desvio de recursos ou de qualquer outra forma de mau uso dos
recursos públicos, apareciam sem que nada ou quase nada fosse feito a respeito.
Inclusive, cada novo escândalo favorecia o esquecimento do anterior. Naquela
época a Polícia Federal, além de mal equipada, era proibida de investigar os
amigos do poder, leia-se de FHC e seus áulicos. Hoje, a corrupção não fica
embaixo do tapete e a PF tem autonomia para trabalhar. Por isto se tem a
impressão de que a corrupção está aumentando. A mídia golpista e a oposição
oportunista quer nos fazer crer nisso. Atuam no que têm de melhor, na mentira,
na invenção, nos factoides.
Lamentavelmente, assistimos juristas
da nossa maior corte agredirem a Carta Magna, agindo com pesos e medidas
diferenciadas a quem lhes são ou não palatáveis. Falta-lhes ética. Falta-lhes
pudor. Falta-lhes postura digna de magistrados. Os casos das ações penais ditas
“mensalão” do PT e do PSDB tiveram focos diferenciados a fim de favorecer os
tucanos e prejudicar os petistas. Juízes venais. Magistrados dissolutos.
Por último, mas não por fim, estamos
vendo a nota do governo de Minas na mídia corrompida das gerais sobre o aumento
nas tarifas da Cemig. Nota mentirosa. Nota velhaca. Nota promíscua e imoral. Os
tucanos de Minas realmente perderam o pundonor, a decência. O marombeiro
senador Aécio Neves e seus lacaios, definitivamente entraram, descaradamente,
na imoralidade política. Um bom exemplo da falta de ética na política.
Ética na política seria melhor respeitada
se desenvolvêssemos uma política da ética.
* Jeferson Malaguti Soares é administrador, consultor de empresas e colaborador deste blog.
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