Retrato do Brasil


Por Jeferson Malaguti Soares *

A burguesia inveja o fausto do poder, o povo mergulha cada vez mais na miséria, e os palacianos se divertem a valer.

A internet, no entanto, nos abre reflexões críticas sobre o que estamos vivenciando: os vícios do poder, seus costumes degradados e a farsa de uma moral em transição.

O artificialismo, interesses mesquinhos e marginais, além do desejo de ascensão social e financeira a qualquer preço, fez da nossa classe média o “Cavalo de Tróia” de que tanto precisavam os golpistas de plantão, desnudando as tessituras da alma humana e apresentando a verdade íntima das pessoas frente às contradições da moral e dos costumes. A inversão de valores, a partir daí, deu a tônica da vida cotidiana.

O que se viu então foram burgueses em aéticas escaladas para a riqueza, parlamentares decadentes se vendendo caro, eminências religiosas se locupletando com os que mandam, e os interesses internacionais, finalmente, metendo as mãos no que é (era) nosso.

Na Presidência um homem desprezível substitui uma mulher voluntariosa, corajosa, valente, defenestrada do poder pela tropa da vil figura que a sucede. Tenta o atual mandatário apresentar uma moral de aparências, buscando, sem sucesso, se mostrar uma figura de carne e osso, sujeito a contradições humanas e até filosóficas, mas que não passa mesmo de um ente apenas abominável, decadente, representante maior da desordem política que nos assola. Quanto aos lacaios, que o acompanham, são pessoas destinadas a tudo possuir e nada conhecer. São astutos cleptocratas, amigos incondicionais do alheio, bandidos de terno e gravata e bandidas vestidas para o baile da rapinagem.

O Legislativo? Ah, o Legislativo! Que baderna! No mínimo 450 na corte do Ali Babá Temer. Pulhas fantasiados de congressistas. Facínoras fascistas. É o mínimo que se pode dizer, sem que afrontemos a pudicidade das senhorinhas de bem.

No Judiciário, covardes togados, lacaios da burguesia, depravados manipuladores da justiça. Condenam sem culpa e absolvem culpados. Libertinos, ímpios representantes da falta de lei que grassa no país.  

Enfim, a mídia, transformada no quarto poder da republiqueta que nos assola, graças a ameaças, invencionices, destruindo verdades, ocultando mentiras, forjando imagens. Sem medo de implicações éticas, abusa da perfídia e da falsidade. Pratica o jornalismo partidário, locupleta-se com o poder, sem um pingo de transparência junto à opinião pública, censura e apequena seus jornalistas, participa de campanhas para enaltecer ou desacreditar pessoas nos interesses particulares de um partido político.  Seus jornalistas emitem opinião e até juízo de valor quando no relato de um fato, principalmente no afã de denegrir a imagem de pessoas ou partidos políticos contrários à ordem vigente. A imprensa brasileira é dependente econômica e financeiramente do poder público, com uma goela enorme e um apetite descomunal para o dinheiro. Os meios de comunicação e seus comunicadores estão comprometidos, exclusivamente, em reproduzir o pensamento mesquinho e fascista dos donos dos veículos midiáticos.

Concluímos, com grande tristeza, que o Brasil de hoje atenta contra a moral e os bons costumes de seu povo ordeiro, enxovalha a dignidade de suas classes sociais, inclusive a dos mais abastados - sem que eles percebam -, e joga na lama toda sua rica história. Os protagonistas e seus coadjuvantes do pérfido momento que vivemos, não passam de hipócritas ambiciosos e gananciosos, prontos para usufruírem das facilidades que lhes permite estarem no poder ou junto dele. São aventureiros, sem eira nem beira, dispostos a tirar partido de tudo em que podem colocar as mãos sujas. A figura patética de um Presidente usurpador de um trono para o qual não foi escolhido democraticamente completa essa comédia trágica. Essa figura tragicômica que não pensa com a própria cabeça e entrega a outros o encargo de conduzir a nação rumo aos infaustos ditames da economia capitalista mundial, sucateando nosso parque industrial e entregando nossas maiores riquezas ao capital estrangeiro. 

Ninguém que está nesse (dês)governo ou que dele leve vantagem ou ainda que a ele esteja aliado pratica a  moral das aparências, já que não tem moral e nem se preocupa com as aparências. Procuram tornar leves as próprias intrigas, com a ilusória esperança de parecerem íntegros. Mas não resistem a uma simples indagação: como veio parar aqui? Em que falcatrua está metido que lhe proporcionou esse lugar que hora ocupa?

Esse é o governo da corrupção, dos corruptos no poder. Todos os poderes da República, a mídia, confederações e adjacentes estão definitivamente corrompidos. Cito, para encerrar, frase do filósofo grego Sócrates, que por si explica como o atual governo do Brasil funciona: “É muito mais fácil corromper do que persuadir”.



* Jeferson Malaguti Soares é administrador de empresas graduado pela FACE/UFMG em 1972, pós-graduado pela FGV/RJ e ex-professor universitário. Milita na esquerda desde 1969, quando se filiou ao antigo MDB.

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